terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tempo Comum - ano A


Dias da Semana - Frei Carlos Mesters, O.Carm.

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8º Domingo Comum - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

OITAVO DOMINGO COMUM





Mt 6, 24-34



“Ninguém pode servir a dois senhores”



Oração do dia
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranqüila. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Mt 6,24-34

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 6,24Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. 25Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? 26Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? 27Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? 28E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé? 31Portanto, não vos preocupeis, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. 33Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas.' Palavra da Salvação.


COMENTÁRIO

O texto de hoje nos mergulha de novo no espírito do Sermão da Montanha (Mt 5, 1 - 7, 27). Coloca os ouvintes diante da sua escolha fundamental na vida - a quem ou a que querem servir? - a Deus, vivendo os valores delineados no Sermão da Montanha, ou o Dinheiro, (que a Bíblia TEB escreve com “D” maiúsculo), ou seja, o Dinheiro como potência que escraviza o mundo a si? Embora essa escolha seja exigência de todos os tempos e lugares, torna-se mais urgente ainda em nossa sociedade de consumo, de exclusão e de acumulação, que exclui a maioria absoluta da humanidade, condenando-a a uma vida de miséria e sofrimento. Jesus deixa bem claro que os seus discípulos/as não podem assumir esses valores consumistas e materialistas, se querem ser fiéis a Ele e ao seu projeto do Reino de Deus.
Como conseqüência desse princípio, Jesus continua: “por isso é que lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir”. Com certeza uma declaração que soa como estranha a quase todos nós, obrigados a lutar com insegurança para que as nossas famílias tenham o que comer e vestir. Como não se preocupar com essas coisas em um mundo de insegurança, de desemprego, de exclusão? Realmente seria no mínimo uma falta de sensibilidade proclamar aos famintos ou esfarrapados que não era para se preocuparem com a comida e a roupa. Ë só olhar a situação terrível de tantas famílias na região serrana de Rio de Janeiro, entre outras.  Então o que quer dizer esse trecho?
Essas palavras não são convite a descuidar dessas necessidades básicas, que seria um atentado contra a vida, e, portanto, contra a proposta de Jesus. A frase deve ser entendida no contexto da situação da comunidade mateana pelo ano 85 dC, que parece ter sido uma comunidade que tinha bastante gente próspera (p. ex., Mateus diz que são os “pobres em espírito” que são bem-aventurados, enquanto Lucas diz simplesmente “vocês, os pobres”!). O sentido do texto gira ao redor do sentido do verbo grego “meirmnao” que as nossas Bíblias traduzem como “preocupeis” (Pastoral, TEB, Jerusalém, Ave Maria). Isso, obviamente, não quer dizer não cuidar, zelar, ocupar-nos, mas não deixar que essas coisas nos absorvam de tal maneira que se tornem o absoluto da nossa vida. Assim, em lugar de usar essas frases para acalmar os que sofrem falta dessas necessidades da vida, esse texto implica uma denúncia de uma sociedade excludente como a nossa, que obriga a maioria das pessoas a dedicar-se totalmente à sobrevivência, esgotando as suas forças físicas, espirituais e psicológicas na luta diária para simplesmente sobreviver nesse mundo cruel. Seria beirando a blasfêmia usar essas frases para apaziguar os sofridos, falando chavões sobre a providência de Deus, enquanto apoiamos e nos mergulhamos nos valores materialistas da sociedade neoliberal, sem notar que essa mesma sociedade é a negação de tudo que o Sermão da Montanha ensina sobre simplicidade, solidariedade, justiça e o seguimento de Jesus. A chave da interpretação do ensinamento de hoje está em v. 33: “Procurai primeiro o Reino e a justiça de Deus, e tudo isso vos será dado por acréscimo” (trad. TEB). Pois, se criarmos um mundo ou uma comunidade que vive os valores do Reino e a justiça de Deus (não o que os homens consideram “justiça” a partir de uma ideologia positivista que favorece os interesses da minoria dominante), então teremos solidariedade, que garantirá que todos tenham pelo menos o mínimo para ter uma vida digna dos filhos e filhas de Deus.
Então, longe de ser “pano quente”, para que possamos ignorar com tranqüilidade o sofrimento e carência de tantos, o texto nos desafia para que descubramos sinceramente quais são os nossos valores, os do Evangelho ou os do consumismo. É uma questão vital para todos e todas que querem ser seguidores/as de Jesus, pois “onde está o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mt 6, 21).


7º Domingo Comum - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


SÉTIMO DOMINGO COMUM

Mt 5, 38-48

“Sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”


ORAÇÃO DO DIA
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer sempre o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 5,38-48
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 38Vós ouvistes o que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente!' 39Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado. 43Vós ouvistes o que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!' 44Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.'
Palavra da Salvação.


COMENTÁRIO
Na verdade, o texto de hoje, continuando as leituras do Sermão da Montanha (Mt 5-7), continua o tema da leitura do domingo passado.  Mais uma vez enfatiza que atrás de todas as nossas ações existem sentimentos, ou disposições, internos.  Por isso Jesus dá o verdadeiro sentido à Lei, dizendo que o discípulo não pode se contentar em não agir mal, mas tem que mudar a sua maneira de entender o mundo, as pessoas e às relações.  Com autoridade, “Eu digo”, ele exige que os seus seguidores não somente não agem como o mundo age, mas que dão uma vira-volta nos valores dele.  Enquanto “olho por olho, dente por dente” era, nos tempos idos, um grande avanço sobre a lei da vingança exagerada, Jesus exige que os seus discípulos vão adiante, tirando até o desejo de vingança e retribuição, assim desarmando o mal e criando uma sociedade de novas relações.  Sem dúvida, uma visão utópica, mas utopia não é ilusão, mas o ideal que nos norteia e encoraja até que finalmente, passo por passo, ela se concretize.
Esses versículos insistem que o modelo para a vida cristã e as suas atitudes não é a sociedade vigente, onde cristãos muitas vezes se contentam em agir exatamente como outros, dentro do que é aceitável em uma sociedade que não segue o Evangelho.  Ele insiste nesses versículos que ser cristão não é simplesmente ser como qualquer um (“os pagãos"), mas é ter outros valores e uma outra visão.  E qual é o fundamento desses valores, desse modo de agir?  Não é o exemplo da sociedade e do mundo, mas o exemplo do nosso Pai.  Jesus não deixa por menos “sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu”.  Obviamente nunca poderemos ser “perfeitos” como o Pai do céu.  Essa frase relembra Dt 18,13 onde a Lei recomenda ao povo de Israel que seja perfeito na sua adesão ao Senhor.  O Evangelho de Lucas explicita melhor ainda o sentido desse frase quando ensina “sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36).
Sem rodeios, esses versículos nos levam a examinar as nossas atitudes e ações, especialmente em relação à vingança, o ódio, à dureza de coração, à compaixão e à misericórdia.  A nossa medida nesses aspectos, é a nossa sociedade, ou o nosso Pai?  Se nós agimos e pensamos como qualquer outro, o que fazemos de extraordinário?

6º Domingo Comum - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD



SEXTO DOMINGO COMUM

Mt 5, 17-37

“Se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrarão no Reino do Céu”

Oração do dia
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Mt 5,17-37
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 17Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. 
       20Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. 22Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno. 23Portanto, quando tu estiveres levando  a tua oferta para o altar, e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto nóo pagares o último centavo.
       27Ouvistes o que foi dito: 'Não cometerás adultério'. 28Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. 
       31Foi dito também: 'Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio'. 32Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério. 
       33Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso', mas 'cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor'. 34Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35nem pela terra, porque é o suporte onde apóia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. 36Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37Seja o vosso 'sim': 'Sim', e o vosso 'não': 'Não'. Tudo o que for além disso vem do Maligno. Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO
Quando lemos o Evangelho de Mateus, é muito importante ter em mente o contexto histórico em que foi escrito, pelos anos 85-90 do primeiro século da Era Comum.  Depois do desastre da Primeira Guerra Judaica, culminando com a destruição de Jerusalém e do Templo (que nunca mais seria erguido, diferente da sua destruição pelos babilônios em 587 aC), o povo judeu e a sua religião enfrentavam a possibilidade de desaparecer para sempre.  Um grupo de rabinos reorganizaram o judaísmo a partir de um tipo de “Sínodo” em Jâmnia, perto da atual Tel Aviv, no ano 85.  Sem Templo, sem sacerdócio, sem sacrifício, esses mestres de Lei, quase todos fariseus, reestruturaram o judaísmo, ao redor da uma identidade proveniente de uma adesão estrita à Lei, a Torá.  Diante da fraqueza do judaísmo, não admitiam nenhuma divergência da sua interpretação da Lei, nenhuma dissonância diante das comunidades judaicas.  Mas no seio do judaísmo existia um grupo de discípulos/as de Jesus de Nazaré, que aceitava a Lei como autoridade, mas com a interpretação vindo dos ensinamentos do seu mestre, Jesus.  Como conseqüência, começou um processo de expulsão desses judeu-cristãos da comunidade da sinagoga e se tornou muito importante para eles entender a sua relação com a Lei, e o que tinha mudado com o ensinamento e exemplo de Jesus, o Mestre.
O nosso trecho do Sermão da Montanha de hoje começa exatamente situando Jesus diante da Lei.  A primeira parte enfatiza que Jesus não rejeitou a Lei, mas veio dar a ela o seu pleno cumprimento, o seu verdadeiro sentido.  Portanto, as comunidades mateanas não precisavam sentir-se como traidores da Antiga Aliança, pois a Lei encontrou a sua verdadeira expressão na vida, ensinamento e opções de Jesus de Nazaré.
Devemos superar uma visão errada dos fariseus que freqüentemente existe entre nós, entendendo esse grupo como hipócritas (essa idéia vem da linguagem polêmica de Mt 23, que reflete mais os conflitos do tempo do escrito do que a visão de Jesus).  Mas o texto de hoje mesmo assim é contundente quando Jesus declara aos seus discípulos (e a nós hoje!) “se a justiça de vocês não superar a dos doutores da lei e fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu” (lembremo-nos que em Mateus "Reino do Céu” é sinônimo com “Reino de Deus”, só que tendo comunidade judaica, ele substitui o termo “Céu” por “Deus” por motivos de reverência diante do nome de Deus).  Como foi a justiça dos fariseus?  Era uma adesão estrita à letra da Lei.  Como superar isso – ir além da letra, ao espírito da Lei, que existe para que a vida abunde. Muitas vezes a letra mata, mas o verdadeiro espírito da Lei defende e promove a vida.
O texto de hoje vai ao âmago da questão.  Insiste que não é o suficiente simplesmente obedecer à letra a lei, não matando, não cometendo adultério, etc. O discípulo de Jesus tem que tirar a raiz dessas ações más.  Pois às vezes não se pratica uma ação má por falta de oportunidade ou medo, mas a raiz do mal está no pensamento, no coração.  Por isso devemos cortar a “mão” que nos leva ao erro (mão = maneira de agir) e arrancar o “olho” errado (olho = a nossa maneira de enxergar as coisas, o nosso pensamento).  Devemos cuidar com essas expressões tipicamente semíticas e, obviamente, não levar a pé da letra.
O trecho do sermão termina com um apelo à criação de uma sociedade de transparência e honestidade, pois só se pode dispensar a garantia do juramento, quando não há dúvida que todos falem a verdade.  O grande político Bismarck falou que não se podia dirigir um estado baseado no Sermão na Montanha – mas somos desafiados a construirmos famílias e comunidades com esses princípios, para que já comecemos a vivenciar os valores do Reino, ultrapassando a letra e vivendo o espírito da Lei, à luz de Jesus.

Salmo 118/119

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
Feliz o homem que observa seus preceitos
e de todo o coração procura a Deus!

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!

Os vossos mandamentos vós nos destes,
para serem fielmente observados.
Oxalá seja bem firme a minha vida
em cumprir vossa vontade e vossa lei!

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!

Sede bom com vosso servo, e viverei,
e guardarei vossa palavra, ó Senhor.
Abri meus olhos, e então contemplarei
as maravilhas que encerra a vossa lei!

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!

Ensinai-me a viver vossos preceitos;
quero guardá-los fielmente até o fim!
Dai-me o saber, e cumprir a vossa lei,
e de todo o coração a guardarei.

Feliz o homem sem pecado em seu caminho,
que na lei do Senhor Deus vai progredindo!



5º Domingo Comum - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


QUINTO DOMINGO COMUM

Mt 5, 13-16

“Vós sois o sal da terra”
Oração do dia
Velai, ó Deus, sobre a vossa família com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (Mateus 5,13-16)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus. Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos 5,13 "Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha 
15 nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. 
16 Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus".
- Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO
O nosso texto faz parte do Sermão da Montanha, cujos princípios são resumidos nas Bem-aventuranças (Mt 5, 1-12).  Os versículos de hoje se dirigiam às comunidades dos “pobres em espírito”, cuja proposta de vida era a vivência do espírito das bem-aventuranças. Mateus usa as metáforas de sal e luz para aplicá-las aos ouvintes do Sermão da Montanha.
O sal era de suma importância no Oriente Médio.  Era usado como tempero para dar sabor à comida e também para conservá-la.  Também a imagem do sal era usada para simbolizar a Sabedoria e a Lei.  Mateus afirma que os discípulos devem tornar saboroso o mundo em sua aliança com Deus, através da vivência que nasce da sabedoria de Jesus e a nova Lei, o Sermão da Montanha.  Se não assumirem essa missão, servirão para nada e merecem ser jogado fora como sal insosso.  Essa missão se realiza através da vivência da plena justiça, muito mais do que uma prática externa de leis: “Se a vossa justiça não for maior do que a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu” (Mt 5, 20)
As outras imagens também são tiradas da experiência de Palestina do tempo de Jesus.  Se a imagem da “cidade situada sobre um monte" foi tirada de Galiléia, talvez se refira à cidade de Hippos, se não, poderia ser Jerusalém.  A imagem da lâmpada que ilumina todos na casa vem do fato de que a casa normal de um pobre na Palestina consistia de uma sala só.  Através da prática dos discípulos, a luz de Deus deve iluminar a sociedade, desmascarando as injustiças e apontando para a justiça do Reino do Céu.
O versículo 16 mantém um equilíbrio entre a prática das boas-obras e o evitar do orgulho ou vaidade por causa delas.  A vida do discipulado descrita no Sermão não deve levar à arrogância, tão típica de alguns “piedosos” ou “justos”, mas à conversão de muitos ao Pai.  Mateus se refere a Is 42,6 e 49,6 que mostram que o Servo de Deus traz luz e salvação para todos os povos.
Mais uma vez o Evangelho de Mateus enfatiza a missão da comunidade cristã.  Somos chamados a dilatar o Reino de Deus no mundo.  Não é possível sermos discípulos se mantermos uma vida individualista, fechada em nós mesmos.  A nossa maior pregação deve ser a nossa luta em prol do mundo que Deus quer, para que “todos tenham a vida e a vida em abundância”.cf. Jo 10,10).  Uma vida cristã que não se engaja nisso, se torna como sal insosso, luz apagada, que não serve para nada.  Mas a motivação é clara – nada em benefício próprio, mas tudo para que as pessoas cheguem a conhecer o nosso Pai amoroso, e vivenciem os valores do seu Reino.