quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Festa da Assunção de Maria



Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
Festa da Assunção de Maria
Lc 1, 39-56
“Olhou para a humilhação da sua Serva”



Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, que elevastes à glória do céu, em corpo e alma, a imaculada virgem Maria, mãe do vosso filho, dai-nos viver atentos às coisas do alto, a fim de participarmos da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Lc 1,39-56

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas

1,39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu". 46Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, 47e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador, 48pois, ele viu a pequenez de sua serva, eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita. 49O Poderoso fez por mim maravilhas e Santo é o seu nome! 50Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o respeitam. 51Demonstrou o poder de seu braço, dispersou os orgulhosos. 52Derrubou os poderosos de seus tronos e os humildes exaltou. 53De bens saciou os famintos despediu, sem nada, os ricos. 54Acolheu Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, 55como havia prometido aos nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre". 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO 

Pode-se dividir este texto em duas partes - a história da visitação de Maria à Isabel; e, o “Canto de Maria” ou “Magnificat”. Reduzir o sentido da Visitação a um simples gesto serviçal da parte de Maria para com a sua parente idosa, seria empobrecer muito o pensamento de Lucas. Esta cena é altamente simbólica - Lucas quer mostrar o acolhimento do “Novo” (representado por Maria e Jesus) por parte do “Antigo” (representado por Isabel e João). Isabel, símbolo de todos os justos da Antiga Aliança, inspirada pelo Espírito Santo, proclama Maria “bendita entre as mulheres”, usando uma frase aplicada no Antigo Testamento para duas mulheres lutadoras, que ajudaram na libertação do seu povo, Jael (Jz 5, 24) e Judite (Jt 13, 18). Assim, apresenta Maria como mulher corajosa, que, animada pela fé em Javé libertador, colabora na luta pelo mundo que Deus quer. Esse mundo, a chegada do Reino de Deus, já é inaugurado com a chegada do seu Filho: “Bendito o fruto do seu ventre”. Neste trecho é importante destacar o motivo pelo qual Maria é bem-aventurada: “Feliz aquela que acreditou”. Para Lucas, Maria é bendita não pelo simples fato da maternidade, mas porque ela é o modelo da fé. Ela acreditou na promessa do Senhor - não somente a promessa da gravidez, mas o projeto de Deus, desde Abraão, de dar ao seu povo a terra, a descendência e a bênção. Enfim, a promessa da realização do projeto do Reino.

O Magnificat, que Lucas põe na boca da Maria, é uma composição literária magistral, inspirada no Canto da Ana (1Sm 2, 1-10) e outros trechos do Antigo Testamento. Expressa a espiritualidade dos “Pobres de Javé”, os deserdados dessa terra, que apesar de tudo acreditavam no projeto libertador do Deus da vida e na chegada de uma sociedade justa. Maria exulta, pois experimentou que Deus olhou para a sua pequenez e humilhação (não “humildade”!). Ela celebra a mudança radical que o Reino traz - os poderosos, soberbos e ricaços serão derrubados e os pobres, humilhados e famintos, serão erguidos.

Esse retrato da Maria contrasta muito com a personalidade passiva e pálida que muitas vezes inventamos para Ela. A Maria de Lucas é uma figura pobre e humilhada, mas forte e batalhadora, como tantas mulheres das nossas comunidades hoje. Diante das forças opressoras do seu tempo (o abuso do poder religioso e econômico, o machismo, o racismo) ela canta a experiência do Deus libertador, do Deus da vida, do Deus que se encarna no meio dos oprimidos. Essa Maria nos desafia para que nos unamos na luta pela construção do Reino, sem pobres e ricaços, humilhados e soberbos, dominados e dominadores. No nosso mundo, pelo menos tão opressor quanto naquela época, esse texto questiona as nossas opções reais da vida. Seremos bem-aventurados na medida em que nós acreditarmos e nos empenharmos na construção de um mundo mais fraterno, justo e igualitário, conforme a vontade e o projeto de Deus, celebrado por Maria no Canto do Magnificat e demonstrado na pessoa e missão do seu Filho Jesus.


Salmo - Sl 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b)

À vossa direita se encontra a rainha,
com veste esplendente de ouro de Ofir.

As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
e à vossa direita se encontra a rainha
com veste esplendente de ouro de Ofir.

Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto:
"Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o Rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!

Entre cantos de festa e com grande alegria,
ingressam, então, no palácio real".




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