Pe. Thomaz Hughes, SVD
DÉCIMO SEXTO DOMINGO COMUM
Mt 13, 24-43
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”
Oração do dia
Ó Deus, sede
generoso para com os vossos filhos e filhas e multiplicai em nós os dons da
vossa graça, para que, repletos de fé, esperança e caridade, guardemos
fielmente os vossos mandamentos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Evangelho - Mt 13,24-43
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Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele
tempo: 13,24Jesus contou outra
parábola à multidão: 'O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente
no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou
joio no meio do trigo, e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as
espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os
empregados foram procurar o dono e lhe disseram: `Senhor, não semeaste boa
semente no teu campo? Donde veio então o joio?' 28O dono respondeu:
`Foi algum inimigo que fez isso'. Os empregados lhe perguntaram: `Queres que
vamos arrancar o joio?' 29O dono respondeu: Não! pode acontecer que,
arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e
outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo:
arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei,
porém, o trigo no meu celeiro!''
31Jesus contou-lhes outra
parábola: 'O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e
semeia no seu campo. 32Embora ela seja a menor de todas as sementes,
quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de
modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos.'
33Jesus contou-lhes ainda
uma outra parábola: 'O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e
mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.' 34Tudo
isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar
parábolas, 35para se cumprir o que foi dito pelo profeta: Abrirei a
boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação
do mundo'.
36Então Jesus deixou as
multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram:
'Explica-nos a parábola do joio!' 37Jesus respondeu: Aquele que
semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa
semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39O
inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os
ceifadores são os anjos. 40Como o joio é recolhido e queimado ao
fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41o Filho do Homem
enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros
pecar e os que praticam o mal; 42e depois os lançarão na fornalha de
fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos brilharão
como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.' Palavra da
Salvação.
Isso fica patente nas pequenas parábolas do grão de mostrada e do fermento na massa. A semente de mostarda é minúscula, mas quando brota, forma um arbusto viçoso. Quando se faz pão, não se usa mais do que uma pequena porção de fermento, mas é o suficiente para levedar a massa toda. O efeito é desproporcional ao tamanho ou peso do grão e do fermento. Pois, eles têm um dinamismo interno que dá resultados inesperados.
Jesus aplica essas observações ao Reino de Deus. O seu crescimento depende de pessoas e coisas que aparentemente são insignificantes. Porém, onde existe uma real comunidade de discípulos; há um dinamismo interno que causa efeitos muito maiores do que a sua força humana, pois é movido pela força do Espírito de Deus. Com certeza, no tempo da redação desse evangelho, a comunidade mateana estava sentindo-se fraca demais para enfrentar a polêmica e a luta com o judaísmo rabínico formativo. Diante das expulsões das sinagogas e das famílias, da rejeição dos discípulos por seus pares, e diante da ameaça de perseguição real, muitos devem ter desanimado, sentindo-se fracos demais para esta caminhada.
Algo semelhante facilmente ocorre hoje - diante do rolo compressor da globalização do mercado, do projeto neo-liberal, muitos acham que nós não temos forças para resistir, pois somos fracos e insignificantes nos olhos dos donos do poder. Mas, isso é julgar somente com critérios humanos. É fácil esquecer a ação do Espírito e que para Deus nada é impossível. Essas duas parábolas nos ensinam a valorizar o nosso grão de mostarda e a nossa medida de fermento - ou seja, as pequenas ações e gestos de solidariedade, que trazem o dinamismo do Espírito e podem alcançar resultados surpreendentes.
Olhando as estatísticas da diminuição da mortalidade infantil no Brasil, diante de quais os governantes se ufanam, quem não sabe que em grande parte é resultado do trabalho humilde e perseverante dos membros da Pastoral da Criança, que, mesmo diante de décadas de descaso governamental diante da saúde pública, fazem verdadeiros milagres em favor da vida. E poder-se-ia multiplicar os exemplos. Olhemos com os olhos de fé e de Deus e não com os olhos do mundo, que só valoriza a força do dinheiro, do poder e da dominação.
Nesse contexto pode-se ler a parábola do campo onde foi semeado joio (erva daninha) junto com o trigo. Os servos querem arrancar à força o joio, mas o patrão não permite, pois talvez faça mais mal do que bem. Aqui o campo é o mundo, a comunidade, a Igreja. Somos uma comunidade santa e pecadora, como reza a oração eucarística. Cada comunidade, cada pessoa é ao mesmo tempo trigo e joio. A parábola alerta contra dois perigos muitas vezes presentes nas Igrejas. Uma é a tendência do puritanismo - de criar uma comunidade de “santos” ou “eleitos”, intolerante com os pecadores e com as fraquezas humanas, criando uma religião rígida e fria, que esconde o rosto misericordioso de Deus. O outro perigo é o oposto - simplesmente ignorar o joio, e assim correr o perigo que a erva daninha (os males e erros) sufoquem o trigo na comunidade. A parábola aconselha paciência e cautela, e assim quer evitar os dois entremos de “elitismo” e de laissez-faire, pois ambas as atitudes teriam como resultado a destruição da comunidade.
O Reino é de Deus e Ele não falha. Somos convidados a caminhar juntos na construção lenta, mas segura, desse Reino, apesar de sermos joio e trigo, confiantes no dinamismo do Espírito que faz com que o nosso grão de mostarda e fermento na massa dão frutos, muito além das expectativas humanas.
Salmo - Sl 85,5-6.9-10.15-16a (R. 5a)
R. Ó
Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
5Ao Senhor, vós sois bom
e clemente,*
sois
perdão para quem vos invoca.
6Escutai, ó Senhor,
minha prece,*
o
lamento da minha oração!
R. Ó
Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
9As nações que criastes
virão*
adorar
e louvar vosso nome.
10Sois tão grande e
fazeis maravilhas:*
vós
somente sois Deus e Senhor!
R. Ó
Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
15Vós, porém, sois
clemente e fiel,*
sois
amor, paciência e perdão.
16aTende pena
e olhai para mim!*
Confirmai
com vigor vosso servo.
R. Ó
Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
Parabéns pela meditação da Palavra de Deus.
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