quinta-feira, 4 de agosto de 2011

22º Domingo Comum - ano A


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD
Vigésimo Segundo Domingo Comum - Ano A
Mt 16,21-27
“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me!”




Oração do dia
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Mt 16,21-27

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,21-27
Naquele tempo: 16,21Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir à Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. 22Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: 'Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!' 23Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse: 'Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus mas sim as coisas dos homens!' 24Então Jesus disse aos discípulos: 'Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 25Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 26De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? 27Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta. Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO


O nosso texto de hoje, na verdade, é uma continuação do Evangelho proclamado na Festa Litúrgica de São Pedro e São Paulo e, para que entendamos o texto mateano na sua integridade, torna-se necessário completar a leitura do Evangelho da Festa com o texto de hoje. Pois, ele mostra que, embora Pedro tivesse usado os termos certos para descrever quem era Jesus, ele os entendia de modo errado. Para Jesus, ser o Cristo significava assumir a missão do Servo de Javé, descrito pelo profeta Segundo-Isaías, nos Cantos do Servo de Javé (Is 42, 1-9; 49, 1-9ª; 50, 4-11; 52, 13-53). Jesus deixa claro que ser o Cristo não significava triunfo nos termos desse mundo, mas o contrário: “O Filho do Homem deve sofrer muito ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia”.
Essa visão que Jesus tinha da missão do Messias, não era comum - em geral o povo esperava um messias triunfante e glorioso. Mateus nos mostra que Pedro partilhava essa visão errada, a ponto de tentar corrigir Jesus, e de ganhar de Jesus uma correção dura: “Fique longe de mim, Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens” (Mc 8, 33).
Não basta usar os termos certos - temos que ter o conteúdo certo. A Bíblia nos conta que Deus criou o homem e a mulher na sua imagem e semelhança, mas na verdade muitas vezes nós criamos Deus na nossa imagem e semelhança, para que Ele não nos incomode. A nossa tendência é de seguir um messias triunfante e não o Servo Sofredor. Mas, para Jesus, não há meio-termo. O discípulo tem que andar nas pegadas do seu mestre: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (Lc 9, 23).
O seguimento de Jesus leva à cruz, pois a vivência das atitudes e opções d’Ele vai nos colocar em conflito com os poderes contrários ao Evangelho. Carregar a cruz, não é aguentar qualquer sofrimento passivamente. Se fosse assim, a religião seria masoquismo! Carregar a cruz é viver as consequências de uma vida coerente com o projeto do Pai, manifestado em Jesus. Segui-Lo não é tanto fazer o que Jesus fazia, mas o que Ele faria se estivesse aqui hoje. E como Ele foi morto, não pelo povo, mas por grupos de interesse bem definidos “os anciãos, os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei” (a elite dominante em termos econômicos, religiosos e ideológicos), os seus seguidores entrarão em conflito com os grupos que hoje representam os mesmos interesses. Por isso, sempre haverá a tentação de criarmos um Jesus “light”, sem grandes exigências, limitado a religião a uma religião intimista e individualista, sem consequências sociais, políticas, econômicas ou ideológicas.
A nossa resposta à pergunta “E você, quem diz que eu sou?” se dá, não tanto com os lábios, mas com as mãos e os pés. Respondemos quem é Jesus para nós, pela nossa maneira de viver, pelas nossas opções concretas, pela nossa maneira de ler os acontecimentos da vida e da história. Tenhamos cuidado com qualquer Jesus não exigente, que não traz consequências sociais, que não nos engaja na luta por uma sociedade mais justa. Pois o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus do Evangelho, não foi assim, e deixou claro: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9, 24).


Salmo - Sl 62,2.3-4.5-6.8-9 (R. 2b)

R. A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!

2Sois vós, ó Senhor, o meu Deus!*
  Desde a aurora ansioso vos busco!
  A minh'alma tem sede de vós,
  minha carne também vos deseja,*
  como terra sedenta e sem água!

R. A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!

3Venho, assim, contemplar-vos no templo,*
  para ver vossa glória e poder.
4Vosso amor vale mais do que a vida:*
  e por isso meus lábios vos louvam.

R. A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!

5Quero, pois vos louvar pela vida,*
  e elevar para vós minhas mãos!
6A minh'alma será saciada,*
  como em grande banquete de festa;
  cantará a alegria em meus lábios,*
  ao cantar para vós meu louvor!

R. A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!

8Para mim fostes sempre um socorro; *
  de vossas asas à sombra eu exulto!
9Minha alma se agarra em vós;*
  com poder vossa mão me sustenta.

R. A minh'alma tem sede de vós,
como a terra sedenta, ó meu Deus!




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