Pe. Thomaz Hughes, SVD
Vigésimo Sétimo Domingo Comum - Ano A
Mt 21, 33-43
“O Reino de Deus será entregue a uma nação que produzirá seus frutos”
Oração do dia
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso
imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa
misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que
ousamos pedir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Evangelho - Mt 21,33-43
+ Proclamação do Evangelho de Jesus
Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, Jesus disse
aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo: 33Escutai esta outra
parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez
nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois
arrendou-a a vinhateiros, e viajou
para o estrangeiro. 34Quando chegou o tempo da colheita, o
proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. 35Os
vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e
ao terceiro apedrejaram. 36O proprietário mandou de novo outros
empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma
forma. 37Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando:
`Ao meu filho eles vão respeitar'. 38Os vinhateiros, porém, ao verem
o filho, disseram entre si: `Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar
posse da sua herança!' 39Então agarraram o filho, jogaram-no para
fora da vinha e o mataram. 40Pois bem, quando o dono da vinha
voltar, o que fará com esses vinhateiros?' 41Os sumos sacerdotes e
os anciãos do povo responderam: 'Com certeza mandará matar de modo violento
esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os
frutos no tempo certo.' 42Então Jesus lhes disse: 'Vós nunca lestes
nas Escrituras: `a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra
angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos'? 43Por
isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que
produzirá frutos. Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
A parábola de hoje é a segunda em uma série de três, referentes ao julgamento final de Deus sobre o seu povo (antes houve a parábola dos dois irmãos e virá ainda a da festa de casamento). Com certeza, a redação atual é resultado de uma longa história de transmissão oral e sucessivas redações. Na boca de Jesus, a história visava a sorte da vinha (v. 41); a tradição pré-sinótica concentrou a atenção na sorte do Filho, acrescentando a citação de Sl 118 e as alusões às Escrituras (vv. 42-44); finalmente, Mateus deixa claro que o advento do novo povo (v. 41) está ligado ao destino d’Aquele que fala e que deve ser condenado e morto, para depois ressuscitar (notas da Bíblia TEB).
Na sua forma atual, a parábola é uma alegoria da História da Salvação. “Os mensageiros” são os profetas, que foram matados pelo povo de Israel, culminando com Jesus, como o Filho. “O Reino” provavelmente se refere à promessa da bênção em plenitude, dos últimos tempos. “O Povo” se refere à Igreja - no caso de Mateus, composta principalmente de judeu-cristãos, mas também de pagãos ou gentios convertidos, que juntos formam o Novo Povo de Deus, o verdadeiro Israel. Essa conclusão de v. 43 é a principal contribuição de Mateus à interpretação da parábola, e é mais suave do que a própria parábola, pois os maus vinhateiros não serão destruídos, mas perderão a promessa.
Como o Evangelho de Mateus foi escrito em um contexto de polêmica entre a sua comunidade e o judaísmo formativo do fim do primeiro século, queria ensinar para a sua comunidade que a promessa antiga feita ao Povo de Deus foi retirada das autoridades farisaicas e das suas comunidades e dada à comunidade da Igreja. Mas, isso não dava às comunidades motivo para comodismo. Como o povo original perdeu a promessa porque “não deu fruto”, também a Igreja não a possui de modo incondicional.
Também as comunidades cristãs têm que “dar fruto” de justiça, fraternidade, solidariedade, e partilha. A História da Salvação nos mostra que Deus não se deixa manipular, nem permite que qualquer comunidade ou religião se torne “dona” d’Ele, mas que o seu verdadeiro povo é aquele que se dedica à construção dos valores do Reino de Deus. O texto convida a um sério exame e revisão das nossas práticas e estruturas, para que as nossas Igrejas cristãs não cheguem a merecer o destino dos vinhateiros, que, por não terem correspondido com a Aliança, viram a promessa retirada deles e dada a um outro povo “que produzirá os seus frutos” (v. 43)
Salmo - Sl 79 (R. Is 5,7a)
R. A vinha do Senhor é a casa de
Israel.
9Arrancastes do Egito
esta videira,*
e expulsastes as nações para
plantá-la;
12até o mar se
estenderam seus sarmentos,*
até o rio os seus rebentos se
espalharam.
R. A vinha do Senhor é a casa de
Israel.
13Por que razão vós
destruístes sua cerca,*
para que todos os passantes a
vindimem,
14o javali da mata
virgem a devaste,*
e os animais do descampado nela
pastem?
R. A vinha do Senhor é a casa de
Israel.
15Voltai-vos para nós,
Deus do universo!
Olhai dos altos céus e observai.*
Visitai a vossa vinha e protegei-a!
16Foi a vossa mão
direita que a plantou;*
protegei-a, e ao rebento que
firmastes!
R. A vinha do Senhor é a casa de
Israel.
19E nunca mais vos
deixaremos, Senhor Deus!*
Dai-nos vida, e louvaremos vosso
nome!
20Convertei-nos, ó
Senhor Deus do universo,
e sobre nós iluminai a vossa face!*
Se voltardes para nós, seremos salvos!
R. A vinha do Senhor é a casa de
Israel.
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