quinta-feira, 1 de setembro de 2011

24º Domingo Comum - ano A



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

Vigésimo Quarto Domingo Comum

Mt 18, 21-35

“Não lhe digo sete vezes, mas até setenta vezes sete”

Oração do dia
Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho (Mateus 18,21-35)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
18,21 Então Pedro se aproximou dele e disse: "Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?"
22 Respondeu Jesus: "Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
23 Por isso, o Reino dos céus é comparado a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
24 Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
25 Como ele não tinha com que pagar, seu senhor ordenou que fosse vendido, ele, sua mulher, seus filhos e todos os seus bens para pagar a dívida.
26 Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: 'Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo!'
27 Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida.
28 Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: 'Paga o que me deves!'
29 O outro caiu-lhe aos pés e pediu-lhe: 'Dá-me um prazo e eu te pagarei!'
30 Mas, sem nada querer ouvir, este homem o fez lançar na prisão, até que tivesse pago sua dívida.
31 Vendo isto, os outros servos, profundamente tristes, vieram contar a seu senhor o que se tinha passado.
32 Então o senhor o chamou e lhe disse: 'Servo mau, eu te perdoei toda a dívida porque me suplicaste.
33 Não devias também tu compadecer-te de teu companheiro de serviço, como eu tive piedade de ti?'
34 E o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida.
35 Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração.
Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho

Este texto trata do último dos problemas comunitários no discurso de capítulo 18, o perdão. Mais uma vez é Pedro que articula em palavras o desafio cristão, “quantas vezes devo perdoar o meu irmão?” e responde ele mesmo, sugerindo “sete vezes”, com certeza achando que agir assim seria um exagero. Mas, para Jesus não basta o discípulo agir segundo os critérios desse mundo – o nosso modelo de ação sempre deve ser o Pai. Por isso, exige “não somente sete vezes, mas setenta vezes sete”, ou seja, para quem realmente quer se modelar em Deus, o perdão tem que ser sem limites. A frase lapidar é tirada da tradição comum que Mt partilha com Lucas, (Lc 17, 4); mas, Mateus acrescenta a parábola dos servos, para ilustrar a necessidade de misericórdia sem fim.
A ideia básica inverte a posição sangrenta e vingativa de Lamec em Gn 4, 24: “Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e sete!” O cristão tem que deixar definitivamente por trás todo sentimento de vingança e assumir os novos valores do Reino de Deus, entre os quais tem lugar de destaque, o perdão.
A parábola provavelmente foi composta pelo autor mesmo, para ilustrar um dos pedidos do Pai Nosso, “perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”. Fazendo esse pedido, estamos querendo o perdão de Deus para que, experimentando-o, consigamos perdoar os nossos devedores (originalmente se referiu realmente às dívidas financeiras, mas aplica-se às ofensas em geral). Não é que o perdão de Deus depende do nosso – é sempre Deus que toma a iniciativa e nós que respondemos. Mas, somos capazes de render nulo o efeito do perdão do Pai, se nós não queremos perdoar os outros. Assim, o Pai continua querendo nos perdoar; mas, nós cortamos o efeito dessa gratuidade divina.
Obviamente, o perdão envolve um processo todo, que abrange não somente a parte espiritual, mas também psicológica, da pessoa. Não se consegue eliminar os efeitos das ofensas de uma só vez. Mas, o importante é o “querer” perdoar. O próprio desejo já é o perdão, pois é somente com a graça divina que nós conseguiremos perdoar mesmo. Mas, quando esse desejo é ausente, nem o perdão do Pai penetra a barreira que nós erguemos e o seu perdão fica sem frutos.
A proposta do texto de hoje é além das nossas forças humanas; mas, não além da possibilidade da graça divina. Por isso temos que sempre pedir o dom do perdão, conforme nos ensina a Oração do Senhor, para que as nossas comunidades sejam verdadeiramente sinais do Reino e não meramente aglomerações de pessoas que partilham as mesmas teorias teológicas, mas, sem que essas influenciem na sua vivência, na sua prática. Da nossa parte exige-se esforço, e Deus dará a força, para que vivamos conforme o desafio do Sermão da Montanha: “sejam perfeitos, como o Pai do Céu de vocês é perfeito” (Mt 5, 48).

Salmo 102/103

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

Não fica sempre repetindo as suas queixas
nem guarda eternamente o seu rancor.
Não nos trata como exige nossas faltas
nem nos pune em proporção às nossas culpas.

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.

Quanto os céus por sobre a terra se elevam,
tanto é grande o seu amor aos que o temem;
quanto dista o nascente do poente,
Tanto afasta para longe nossos crimes.

O Senhor é bondoso, compassivo e carinhoso.




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