Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
Vigésimo Quinto Domingo Comum
Mt 20, 1-16
“Os últimos serão os primeiros”
Oração do dia
Ó Pai, que resumistes toda a lei no
amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso mandamento, consigamos
chegar um dia à vida eterna. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo.
Evangelho
- Mt 20,1-16a
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo: Jesus contou esta
parábola a seus discípulos: 16,1'O Reino dos Céus é como a história
do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2Combinou
com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3Às
nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça,
desocupados, 4e lhes disse: 'Ide também vós para a minha vinha! E eu
vos pagarei o que for justo'. 5E eles foram. O patrão saiu de novo
ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6Saindo
outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e
lhes disse: `Por que estais aí o dia inteiro desocupados?' 7Eles
responderam: `Porque ninguém nos contratou'. O patrão lhes disse: `Ide vós
também para a minha vinha'. 8Quando chegou a tarde, o patrão disse
ao administrador: `Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos,
começando pelos últimos até os primeiros!' 9Vieram os que tinham
sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. 10Em
seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber
mais. Porém, cada um deles também recebeu uma moeda de prata. 11Ao
receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12`Estes
últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o
cansaço e o calor o dia inteiro'. 13Então o patrão disse a um deles:
`Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? 14Toma
o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por
último o mesmo que dei a ti. 15Por acaso não tenho o direito de
fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou
sendo bom?' 16aAssim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros
serão os últimos.' Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
Há um consenso entre os estudiosos da Bíblia de que o
centro da pregação de Jesus era “O Reino de Deus” (ou dos Céus, que em Mateus,
significa a mesma coisa). Mas, Jesus nunca define o Reino; pelo contrário, sempre
o descreve por meio de parábolas, para que o ouvinte se esforce para descobrir
quais são os valores que tornam o Reino de Deus presente no meio de nós.
A parábola de hoje nasce no contexto da realidade
agrícola do povo da Galileia. Era uma região rica, de terra boa, mas com o seu
povo empobrecido, pois as terras estavam nas mãos de poucos, e a maioria
trabalhava ou como arrendatários ou como “bóias-frias” como diríamos hoje.
Embora a cena situe-se na Galileia de dois mil anos atrás, bem poderia ser o Brasil
da atualidade! Apresenta uma situação de trabalhadores braçais desempregados,
não por querer, mas “porque ninguém os contratou” (v 7). Talvez haja uma
diferença, comparando com a situação de hoje - na parábola, o salário combinado
era uma moeda de prata, um denário, que na época era o suficiente para o
sustento de uma família por um dia - o que nem sempre se verifica hoje.
O texto nos ensina que a lógica do Reino não é a
lógica da sociedade vigente. Na nossa sociedade, uma pessoa vale pelo que produz
- logo, quem não produz não tem valor. Assim se faz pouco caso do idoso,
aposentado, doente, excepcional. Na parábola, o patrão (símbolo do Pai) usa
como critério de pagamento, não a produção, mas o sustento da vida - também o
trabalhador da última hora precisa sustentar a família; e por isso, recebe o
valor suficiente, um denário.
O Reino tem outros valores da sociedade neo-liberal do
nosso tempo - a vida é o critério, não a produção. Por isso, quem procura
vivenciar os valores do Reino estará na contramão da sociedade dominante. O
texto nos convida a imitar o Pai do Céu, lutando por novas relações na
sociedade e no trabalho, baseadas no valor da vida, não na produção e consumo.
Para a
comunidade de Mateus, a parábola tinha mais um sentido. Começavam a entrar
pagãos na comunidade, e muitos cristãos de origem judaica tinham dificuldade em
aceitá-los em pé de igualdade - eram “da última hora”. Mateus conta a parábola
para ensinar a eles que no Reino, experimentado através da comunidade, não pode
haver discriminação entre cristãos de várias origens; por isso, “os últimos
serão os primeiros”. O critério é a gratuidade de Deus Pai, pois tudo o que
temos, recebemos d’Ele, e sendo todos filhos e filhas amados d’Ele, a
comunidade cristã não pode discriminar pessoas, por qualquer motivo que seja.
Salmo -
Sl 144,2-3.8-9.17-18 (R. 18a)
R. O Senhor está perto da pessoa que o invoca!
2Todos os dias haverei de bendizer-vos,*
hei de louvar o vosso nome para sempre.
3Grande é o Senhor e muito digno de louvores,*
e ninguém pode medir sua grandeza.
R. O Senhor está perto da pessoa que o invoca!
8Misericórdia e piedade é o Senhor,*
ele é amor, é paciência, é compaixão.
9O Senhor é muito bom para com todos,*
sua ternura abraça toda criatura.
R. O Senhor está perto da pessoa que o invoca!
17É justo o Senhor em seus caminhos,*
é santo em toda obra que ele faz.
18Ele está perto da pessoa que o invoca,*
de todo aquele que o invoca lealmente.
R. O Senhor está perto da pessoa que o invoca!
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