quinta-feira, 31 de março de 2011

DOMINGO DE PÁSCOA

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

DOMINGO DA PÁSCOA



Jo 20, 1-9

“Ele viu e acreditou”


Oração do dia
Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concede que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Jo 20,1-9

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
20,1No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus, bem de madrugada, quando ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. 2Então ela saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: 'Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram.' 3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas,  mas enrolado num lugar à parte. 8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu, e acreditou. 9De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos. Palavra da Salvação.

            Os quatro evangelhos relatam os acontecimentos do Dia da Ressurreição, cada um de acordo com as suas tradições.  Mas certos elementos são comuns a todos: o fato do túmulo vazio, que as primeiras testemunhas eram as mulheres (embora divirjam quanto ao seu número e identidade e o motivo da sua ida ao túmulo - para ungir o corpo, ou para vigiar e lamentar), e de que uma delas era Maria Madalena. Podemos tirar disso a conclusão que as mulheres tinham lugar muito importante entre o grupo dos discípulos de Jesus, e que elas eram mais fiéis do que os homens, seguindo Jesus até a Cruz e além dela!  Infelizmente, outras gerações fizeram questão de diminuir a importância das discípulas na tradição – e a Igreja sofre até hoje as conseqüências.
            Lendo os relatos, um fato salta aos olhos – ninguém esperava a Ressurreição.  Para os e as discípulos, a Cruz era o fim da esperança, a maior desilusão possível.  Se somarmos a isso o fato que todos os Doze traíram Jesus (ou por dinheiro, ou por covardia), podemos imaginar o ambiente pesado entre eles na manhã do Domingo.  Nesse meio, chega a Maria e as mulheres com a notícia de que o túmulo estava vazio.
           No nosso texto, Pedro (que tem um papel importante nos textos pós-ressurrecionais) e o Discípulo Amado (anônimo, mas quase certamente não um dos doze) correm até o túmulo. O texto deixa entrever a tensão histórica que existia entre a comunidade do Discípulo Amado e a comunidade apostólica (representada por Pedro).  Pois o Discípulo Amado espera por Pedro (reconhece a sua primazia), mas enquanto Pedro vê sem acreditar, o Discípulo Amado acredita.  No Quarto Evangelho, Pedro só realmente vai conseguir amar Jesus no Capítulo 21, enquanto o Discípulo Amado é o tal desde Capítulo 13. Só quem olha com os olhos do coração, do amor, penetra além das aparências!
            Como em Lucas 24, na historia dos Discípulos de Emaús, o texto demonstra que a nossa fé não está baseada em um túmulo vazio!  Não é o túmulo vazio que fundamenta a nossa fé na Ressurreição, mas o contrário - e a experiência da presença de Jesus Ressuscitado que explica porque o túmulo está vazio!  Cuidemos de não procurar bases falsas para a nossa fé no Ressuscitado!
           Hoje em dia, quando olhamos para o mundo ao nosso redor, é fácil não acreditar na vitória da vida sobre a morte.  Há tanto sofrimento e injustiça - guerra, violência, corrupção endêmica, saúde e educação sucateadas, destruição desenfreada do meio-ambiente, sem falar de desastres naturais com terremotos e tsunamis!  Só uma experiência profunda da presença de Jesus libertador no meio da comunidade poderá nos sustentar na luta por um mundo melhor, com fé na vitória final do bem sobre o mal, da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado!  Nós todos somos discípulos amados, pois “nada nos separa do amor e Deus em Jesus Cristo” (cf. Rm 8), mas será que somos discípulos quE amam? Será que amamos a Jesus e ao próximo?  E lembramos que o ágape, o amor proposto pelo evangelho, não é um sentimento, mas uma atitude de vida, de solidariedade, de partilha, de justiça. “O amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros”(I Jo 4, 10-11).
           Que a mensagem da Ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, nos anime e dê força, especialmente quando a Cruz pesar muito em nossas vidas.

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