sábado, 27 de novembro de 2010

2º Domingo do Advento - Ano A


Refletindo o Evangelho do Domingo


Pe. Thomaz Hughes, SVD




2º Domingo do Advento - Ano A


Mt 3, 1-12
“Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo”

Oração do dia

Ó Deus todo-poderoso e cheio de misericórdia, nós vos pedimos que nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (Mateus 3,1-12)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
3,1 Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia.
2 Dizia ele: "Fazei penitência porque está próximo o Reino dos céus".
3 Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: "Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas!".
4 João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
5 Pessoas de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele.
6 Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão.
7 Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura?
8 Dai, pois, frutos de verdadeira penitência.
9 Não digais dentro de vós: ‘Nós temos a Abraão por pai!’ Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão.
10 O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
11 Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
12 Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível".
Palavra da Salvação.

Comentário

            Advento não é tanto um tempo de penitência, como a Quaresma, mas de preparação para um encontro com o Senhor, no Natal. Não um encontro folclórico e sentimental, mas um real reencontro com Jesus, o Salvador de todos, através de um sério exame da nossa vida, um reconhecimento das nossas falhas e uma real conversão na nossa maneira de pensar e agir.
A liturgia nos apresenta hoje a grande figura do Precursor de Jesus, o profeta João, o Batista, mandado por Deus como arauto do novo tempo de graça e salvação. Deus não permite que a perversidade e a maldade tenham a palavra final na história da humanidade. Essa será mais tarde a mensagem básica do Apocalipse - o mal já é um derrotado, e embora possa parecer diferente, é Deus e não o mal que controla a caminhada da história. Mensagem de conforto às comunidades sofridas do fim do primeiro século. Também muito relevante para as pessoas e comunidades de hoje, muitas vezes assoladas pelo pessimismo e sentimentos de negatividade, diante de tantos problemas e dificuldades, que parecem fugir do nosso controle. Mas esta vitória não se concretiza sem que haja luta, sacrifício, e cruz!
Mateus põe na boca de João um trecho de Segundo-Isaías: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas estradas”. No seu contexto original (Is 40, 3), isso soava como proclamação de esperança, no Exílio de Babilônia - Deus não abandonara o seu povo, mas estava voltando para levá-lo à libertação. Essa mensagem deu coragem e alento em Babilônia para o Povo de Deus não desanimar, mas continuar a caminhada, confiando na presença amorosa, transformadora e libertadora de Deus. Novamente, uma mensagem necessária para os nossos dias de hoje.
            Sem dúvida, podemos entender esse trecho num sentido metafórico, como descrição de uma mudança radical no estilo de vida de quem quer aceitar o convite à penitência e ao arrependimento. As estradas a serem endireitadas (e os vales a serem aterrados, as montanhas e colinas a serem aplainadas, os caminhos esburacados a serem nivelados, no texto paralelo de Lucas), simbolizam os empecilhos em nossas vidas a um seguimento de Jesus, mais radical e coerente. Quem aceita a sua mensagem terá que mudar radicalmente - isto é, na raiz - a sua vida.
            A polêmica que o texto manifesta entre João e os fariseus e saduceus, membros dos dois maiores partidos do judaísmo da época, mostra que a conversão tem que ser radical e não somente superficial. Não adianta ter uma fé teórica, pois é somente pelos atos concretos que cada um mostra a realidade da sua adesão ao projeto de Deus. Como não bastava para esses dois grupos proclamar que eram “filhos de Abraão”, hoje nada adianta a gente bradar que é Católico, Evangélico, Cristão, membro desse ou daquele movimento ou grupo, se não produzirmos frutos de uma verdadeira conversão. A palavra conversão, no grego significa uma radical mudança de mentalidade. Porém, devemos reconhecer aqui um tema básico do Antigo Testamento, especialmente de Jeremias, o de uma mudança de orientação, de uma volta incondicional ao Deus da Aliança. Isso somente acontecerá com a graça dele.
Advento pode ser este tempo de graça, pode se tornar tempo oportuno para uma revisão de vida, para descobrir quais são as curvas, montanhas, e pedras que teremos que tirar para que o Senhor realmente possa habitar nos nossos corações. A conversão é processo permanente e urgente, que exige reconhecimento dos nossos pecados, uma vontade de mudar a orientação da nossa vida, e uma abertura para a graça de Deus, que é capaz de fazer maravilhas em nós. Ressoa muito alto hoje o convite e desafio de João: “Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo” (v. 2). A decisão é nossa, pois o nosso Deus, rico em misericórdia, jamais negará a sua graça.


Salmo 71/72

Nos seus dirás, a justiça florirá.

Daí ao rei vossos poderes, Senhor Deus,
vossa justiça ao descendente da realeza!
Com justiça ele governe o vosso povo,
com eqüidade ele julgue os vossos pobres.

Nos seus dirás, a justiça florirá.

Nos seus dias a justiça florirá 
e grande paz, até que a lua perca o seu brilho!
De mar a mar estenderá o seu domínio, 
e desde o rio até os confins de toda a terra!

Nos seus dirás, a justiça florirá.

Libertará o indigente que suplica 
e o pobre ao qual ninguém quer ajudar.
Terá pena do indigente e do infeliz, 
e a vida dos humildes salvará.

Nos seus dirás, a justiça florirá.

Seja bendito o seu nome para sempre.
E que dure como o sol sua memória!
Todos os povos serão nele abençoados,
todas as gentes cantarão o seu louvor!

Nos seus dirás, a justiça florirá.











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