Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
1º Domingo do Advento - Ano A
Mt 24,37-44
"Portanto, fiquem vigiando!"
Oração do dia
Ó Deus todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente
desejo de possuir o reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras
ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos
justos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Evangelho (Mateus 24, 37-44)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
24,37 Disse Jesus: “Assim como foi nos tempos de Noé, assim
acontecerá na vinda do Filho do Homem.
38 Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam,
casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca.
39 E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o
dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem.
40 Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro
será deixado.
41 Duas mulheres estarão moendo no mesmo moinho: uma será
tomada a outra será deixada.
42 Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o
Senhor.
43 Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da
noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.
44 Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do
Homem virá numa hora em que menos pensardes”.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
Jesus usa imagens da história de Noé. As pessoas daquela época se preocuparam com nada, nada perceberam - em nossos termos hoje, poderíamos dizer que eles não souberam ler "os sinais dos tempos". Por isso, foram pegas de surpresa, perderam a hora da graça, e se perderam.
Sem levar a história a pé-da-letra, podemos muito bem aplicar a mensagem à nossa situação atual. A Igreja sempre nos conclama para que leiamos "os sinais dos tempos". Um sinal aponta para uma realidade mais profunda! Não basta ficarmos somente com o sinal, temos que descobrir a realidade subjacente a qual ele aponta.
Hoje não nos faltam sinais dos tempos - a miséria de milhões dos nossos irmãos e irmãs espalhadops pelo mundo inteiro, o terrorismo individual e estatal, a exclusão social, a violência de todos os tipos, a globalização excludente, a urbanização, a secularização, o aumento de fundamentalismo religioso. Também tem muitos sinais positivos - as comunidades de base, os movimentos populares, a consciência ecológica, a luta contra racismo e por novas relações de gênero. O problema é estar atento aos sinais e saber interpretá-los! Pois muitos sinais podem ser ambíguos, e temos que ter clareza sobre os nossos critérios de interpretação da realidade.
O nosso critério sempre será Jesus - a sua pessoa e o seu projeto de fidelidade com a vontade do Pai. Os sinais têm que passar pelo crivo da fidelidade a Jesus, que veio "para que todos tenham a vida e a tenham em plenitude"(Jo 10,10). Devem ser comparados e contrastados com a nossa medida, que é a prática de Jesus, em favor da vida e especialmente dos excluídos e oprimidos.
Assim, somos convidados hoje à vigilância (v. 42). Essa deve ser uma característica do cristão e da comunidade cristã. Vigiemos para que a nossa casa - a nossa consciência, a nossa comunidade, a nossa prática - não seja invadida por quem quer o mal, que traz projeto da morte. Vivendo como somos, num mudo imerso nos valores e contravalores de uma sociedade de consumo, cujo Deus é o lucro e cujo evangelho a a competitividade, é fácil acontecer que a gente absorva esses critérios como por osmose, sem notar. Assim o "ladrão" entra na nossa casa por falta da vigilância, para subtrair os nosso bens - a fraternidade, a solidariedade, a partilha, a nossa fidelidade à pratica de Jesus, o projeto do Reino, a integridade do universo criado. Assim, quando Jesus, o Filho do Homem, vem nas realidades da nossa vida, nem o reconhecemos, e perdemos a hora da graça!
O texto não nos remete primeiramente à uma preparação de um encontro com Jesus depois da morte, nem na sua Segunda Vinda, mas nos convida à uma vigilância hoje, para que saibamos encontrá-lo através de uma leitura correta dos "sinais dos tempos", vigilantes para que não percamos a nossa razão de ser como cristãos - a concretização do Projeto do Pai, na construção de um mundo solidário, de fraternidade, partilha paz e justiça, o mundo do "Shalom" de Deus". O Advento é tempo oportuno para que examinemos a nossa vida para descobrir se realmente estamos atentos o tempo todo, para não perdermos as manifestações da presença de Jesus no meio de nós. É tempo de nos dedicarmos mais à oração, para renovarmos as nossas forças, para não cairmos na armadilha da "inatenção" no meio das preocupações e barulho do mundo moderno, para que os nossos corações continuem "sensíveis" aos apelos do Senhor, através dos irmãos, no nosso dia-a-dia.
Salmo 121/122
Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
Que alegria quando ouvi que me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.
Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
Para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.
Para louvar, segundo a lei de Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.
Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
Rogai que viva em paz Jerusalém,
e em segurança os que te amam!
Que a paz habite dentro de teus muros,
tranqüilidade em teus palácios!
Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
Por amor a meus irmãos e meus amigos,
peço: “A paz esteja em ti!”
Pelo amor que tenho à casa do Senhor,
eu te desejo todo bem!
Que alegria quando me disseram:
“Vamos à casa do Senhor!”
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