Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
Vigésimo Primeiro Domingo Comum
Mt 16, 13-20
“E vocês, quem dizem que eu sou?”
Oração do dia
Ó Deus, que unis os corações dos
vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o
que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos
corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por Nosso Senhor Jesus
Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Evangelho - Mt 16,13-20
+ Proclamação do Evangelho de
Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo: 16,13Jesus
foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou a seus discípulos: 'Quem
dizem os homens ser o Filho do Homem?' 14Eles responderam: 'Alguns
dizem que é João Batista; outros que é Elias; Outros ainda, que é Jeremias ou
algum dos profetas.' 15Então Jesus lhes perguntou: 'E vós, quem
dizeis que eu sou?' 16Simão Pedro respondeu: 'Tu és o Messias, o
Filho do Deus vivo.' 17Respondendo, Jesus lhe disse: 'Feliz és tu,
Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o
meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá
vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu
ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será
desligado nos céus.' 20Jesus, então, ordenou aos discípulos que não
dissessem a ninguém que ele era o Messias. Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
Aqui temos a versão mateana da profissão de fé de Pedro, que Marcos (Mc
8, 27-35) coloca como pivô de todo o seu evangelho. Este trecho levanta as duas perguntas fundamentais de todos
os Evangelhos: Quem é Jesus? O que significa ser discípulo dele?
São
duas perguntas interligadas, pois a segunda resposta depende muito da primeira.
A minha visão de Jesus determinará a maneira do meu seguimento dele.
O
diálogo começa com uma pergunta um tanto inócua: “Quem dizem os homens que é o
Filho do Homem?” É inócua,
pois não compromete quem responde - o “diz
que” compromete ninguém, pois expressa a opinião de outros. Por isso chove respostas da parte dos
discípulos: “João Batista, Elias, Jeremias, ou um dos profetas!”. Mas Jesus não quer parar aqui - esta pergunta foi só uma
introdução. Depois vem a facada!: “E vocês, quem dizem que eu sou?”
Agora
não há muitas respostas, pois quem responde vai se comprometer - não será a
opinião de outros, mas a pessoal!
Esta opinião traz conseqüências práticas para a vida. Finalmente, Pedro se arrisca: “O
Messias, o Filho de Deus vivo”.
Aqui
Mateus acrescenta vv. 17-19, pois quer destacar o papel de Pedro (e, por conseguinte, dos líderes da sua
própria comunidade), na função de ligar e desligar da comunidade, que nos
Evangelhos somente aqui e em Cap. 18 é chamada de “Igreja”. “As
chaves do Reino” não se refere ao poder de perdoar pecados, mas de
integrar e desligar pessoas da comunidade dos discípulos.
O
fundamento, o alicerce, dessa comunidade é o conteúdo da profissão de Pedro “Tu és
o Messias, o Filho de Deus vivo”.
Mas continuam no ar as duas perguntas que são o cerne do Evangelho: “Quem é Jesus?”, e “o que significa
segui-lo?“ Pois os termos que
Pedro usa são ambíguos, porque cada um os interpreta conforme a sua
cabeça. Por isso, Jesus toma uma
atitude, aparentemente estranha: “Ele ordenou os discípulos que não dissessem
a ninguém que ele era o Messias!” Que coisa esquisita! Jesus proíbe que se fala a verdade
sobre ele! Como é que ele espera
angariar discípulos deste jeito? O
assunto merece mais atenção.
Realmente,
Pedro acertou em termos de teologia, de “ortodoxia”, conforme diríamos
hoje. Ele usou o termo certo para
descrever Jesus. Mas Jesus quer
esclarecer o que significa ser “O Messias de Deus”.
Pois cada um pode entender este termo conforme os seus desejos. Jesus quer deixar bem claro que ser
“messias” (um termo hebraico; em grego seria “cristo”, e significa “ungido”)
para ele é ser o “Servo de Javé”. É vivenciar o projeto do Pai, que
necessariamente vai levá-lo a um choque com as autoridades políticas,
religiosas, e econômicas, enfim, com a classe dominante do seu tempo. Não significa ser o Messias
nacionalista e triunfalista das expectativas de então.
No nosso
tempo, quando é moda apresentar um Jesus “light”, sem exigências, sem paixão,
sem Cruz, sem compromisso com a transformação social, o texto nos desafia para
clarificar em que Jesus acreditamos?
O Jesus sentimental, que existe para resolver os meus problemas, tão
amado por setores da mídia, e também de grandes setores das Igrejas, ou o Jesus
bíblico, o Servo de Javé, que veio para dar a vida em favor de todos? O Jesus da “teologia de prosperidade”
ou o Jesus proclamado quase diariamente pelo Papa Francisco, o Jesus de Nazaré
verdadeiro? Esse assunto virá à
tona no Evangelho do próximo domingo.
Salmo - Sl
137,1-2a.2bc-3.6.8bc (R. 8bc)
R. Ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
completai em mim a obra começada!
137,1Ao Senhor, de coração eu vos dou
graças, *
porque ouvistes as palavras dos meus lábios!
Perante os vossos anjos vou cantar-vos *
2ae ante o vosso templo vou
prostrar-me.
R. Ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
completai em mim a obra começada!
2bEu agradeço vosso amor, vossa
verdade,*
2cporque fizestes muito mais que
prometestes;
3naquele dia em que gritei, vós me
escutastes*
e aumentastes o vigor da minha alma.
R. Ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
completai em mim a obra começada!
6Altíssimo é o Senhor, mas olha os
pobres,*
e de longe reconhece os orgulhosos.
8bó Senhor, vossa bondade é para
sempre!*
8cEu vos peço: não deixeis inacabada,
esta obra que fizeram vossas mãos!
R. Ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
completai em mim a obra começada!
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