domingo, 24 de abril de 2011

2° Domingo da Páscoa - Ano A

Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA - Ano A


Jo 20, 19-31

“A Paz Esteja Com Vocês”

Oração do dia
Ó Deus de eterna misericórdia, que reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal, aumentai a graça que nos destes. E fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Jo 20,19-31

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
20,19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: 'A paz esteja convosco'. 20Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: 'A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio'. 22E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados  eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos'. 
        24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: 'Vimos o Senhor!'. Mas Tomé disse-lhes: 'Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei'. 26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: 'A paz esteja convosco'. 27Depois disse a Tomé: 'Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel'. 28Tomé respondeu: 'Meu Senhor e meu Deus!' 29Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!' 30Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. Palavra da Salvação.


COMENTÁRIO


No texto anterior ao de hoje, a Maria Madalena traz a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos.  Agora é o próprio Jesus que aparece a eles.  Não há reprovação nem queixa nas suas palavras, apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que já tinha prometido no ultimo discurso.  Duas vezes Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos seus discípulos – “A paz esteja com vocês”.  O nosso termo “paz” procura traduzir – embora de uma maneira inadequada – o termo hebraico “Shalom!”, que é muito mais do que “paz” conforme o nosso mundo a compreende.  O “Shalom” é a paz que vem da presença de Deus, da justiça do Reino.  O SHALOM pode ser definido como “o bem-estar total para todos/as” - é tudo que Deus deseja para os seus filhos e filhas. Não pode existir sem fraternidade, solidariedade e justiça social em todos os níveis.  Jesus não promete a paz do comodismo, mas, pelo contrário, envia os seus discípulos na missão árdua em favor do Reino, mas promete o shalôm, pois ele nunca abandonará quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus.
Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez (é o mesmo termo) sobre Adão, quando infundiu nele o espírito de vida.  Jesus os recria com o Espírito Santo.
Normalmente imaginamos o Espírito Santo descendo sobre os discípulos nos eventos de Pentecostes, mas aquilo na Escritura era a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no mundo.   Para João, o dom do Espírito, que da sua natureza é invisível, flui da glorificação de Jesus, da sua volta ao Pai.  O dom do Espírito neste texto tem a ver com o perdão dos pecados.
Mais uma vez, num domingo, Jesus aparece aos discípulos (notem a ênfase sobre o Domingo – duas vezes).  Esta vez, Tomé está presente.  Ele representa os discípulos da comunidade joanina do fim do século primeiro, que estavam vacilando na sua fé na Ressuscitado, diante dos sofrimentos e tribulações da vida.  E assim nos representa, quando nós vacilamos e duvidamos. Jesus nos fortalece com as palavras “Felizes os que acreditaram sem ter visto!”. Assim muitas vezes será a realidade da nossa fé – acreditar contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal, a vida do que a morte!  Somente uma fé profunda e uma experiência da presença do Ressuscitado vai nos dar essa firmeza.
Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista usa para Javé (Sl 35,23).  No primeiro capítulo do Evangelho de João (cf Jo 1, 29.34.36.38.41.45.49.51), os discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento crescente de quem ele era; aqui Tomé lhe dá o título final e definitivo – Jesus é Senhor e Deus!
Nessa proclamação triunfante da divindade de Jesus, o evangelho original terminava. (O Capítulo 21 é um epílogo, adicionado mais tarde).  No início, João nos informou que “o Verbo era Deus”.  Agora ele repete essa afirmação e abençoa todos os que a aceita baseados na fé!  A meta do Evangelho foi alcançada – mostrar a divindade de Jesus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, para que, acreditando, todos pudessem ter a vida nele.

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