domingo, 24 de abril de 2011

6° Domingo da Páscoa - Ano A



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

SEXTO DOMINGO DA PÁSCOA - Ano A



Jo 14, 15-21

“Ele dará a vocês outro Advogado, para que permaneça com vocês para sempre”

Oração do dia
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho - Jo 14,15-21

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 14,15Se me amais, guardareis os meus mandamentos, 16e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: 17o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. 18Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós. 19Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis. 20Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós. 21Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama, será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO

O dá início, dentro da primeira parte do Último Discurso de Jesus, à seção trinitária, onde o mesmo tema é aplicado ao Espírito (vv. 15-17), a Jesus (vv.18-22) e ao Pai (vv. 23-24) – o tema de que, se guardarmos os mandamentos, cada personagem divina virá e habitará conosco.

O Quarto Evangelho nos traz formulações muito bonitas referentes à Trindade e ao Espírito Santo, especialmente no Último Discurso de Jesus.  Neste trecho, se enfatiza a necessidade de guardar os mandamentos, para que possamos receber o dom do Espírito Santo.  Aqui encontramos a primeira de duas promessas no capítulo da chegada do Paráclito, uma palavra grega que significava o que seria, em nossa linguagem, o advogado da defesa.  Em diversos textos João expressa a função do Espírito dentro da comunidade pós-ressurrecional.  Aqui o Espírito agirá como defensor dos discípulos diante dos ataques do mundo de incredulidade (lembremos, que na época do escrito, pelo fim do primeiro século da nossa era, a comunidade joanina estava sofrendo muitos ataques de diversas origens). Vale a pena notar aqui que o Espírito Santo será “outro Paráclito” pois Jesus já tinha sido defensor dos discípulos durante a sua vida terrestre, e continuará a sê-lo no céu.   O Espírito Santo será o espírito da Verdade, ou seja, o Espírito que revelará ao mundo a verdade sobre Jesus, como Jesus já tinha feito, mostrando-nos a verdade sobre o Pai.

A partir do v. 18, como fez no início do capítulo 14, Jesus volta a consolar os seus discípulos, e a falar da sua volta.  Só que aqui não se refere tanto à sua vinda na Parusia, ou a Segunda Vinda, mas uma volta espiritual, através de inhabitação divina em cada discípulo, uma presença real que fará com que os discípulos compreendam que Jesus e o Pai são um. Assim os discípulos conhecerão a relação verdadeira entre Jesus e o Pai, e descobrirão que existe o mesmo relacionamento entre Jesus e eles próprios. De novo põe-se a observância dos mandamentos como precondição para que aconteça essa presença, espiritual, mas real. A observância dos mandamentos não é uma simples exigência legal, mas a demonstração do amor dos discípulos para Jesus. 

Atrás desse texto está o desejo do autor de fortalecer a fé da sua comunidade em tempos difíceis.  Assim tem muita relevância para a Igreja, a comunidade dos discípulos hoje.  Como então, às vezes a nossa fé poderá vacilar diante de ataques, da perseguição ou até da indiferença do mundo.  O texto procura renovar nos leitores a certeza da presença da Trindade no nosso meio – pois o Espírito nos dará força para que vençamos as dificuldades e sofrimentos que eventualmente poderão nos assolar, individual ou comunitariamente.  Também insiste na necessidade de criarmos uma comunidade de amor e solidariedade, para que a inhabitação divina em cada pessoa e na comunidade possa tornar-se uma força efetiva no fortalecimento da nossa fé, da nossa caminhada.  Lembremo-nos que no Quarto Evangelho o Grande Mandamento era de amar-nos una aos outros, como ele nos amou, ou seja, na doação de nós mesmos na luta de criar um mundo onde se vive o sonho de Jesus, que veio “para que todos tenham a vida e vida em abundância”(Jo 10,10).

Nenhum comentário:

Postar um comentário